O tempo anda escasso, o barulho é constante. Mas vez ou outra, um disco aparece como se fosse uma pausa. Um chamado silencioso. Foi assim que chegou “Axiomas”, álbum do artista Semilla, lançado no dia 5 de junho de 2024.
Criado longe dos moldes da indústria, o disco se alimenta de encontros — com pessoas, com territórios, com memórias e, sobretudo, com verdades que moram dentro de nós, mesmo quando a gente esquece.
Entre matemática e sentimento: um novo jeito de pensar os axiomas
Na matemática, axiomas são verdades universais. Princípios que não se discutem. Mas o Semilla propõe outra visão: e se as nossas verdades mais profundas também forem axiomas? E se o que a gente sente, mesmo sem explicar, também for um tipo de verdade?
Esse é o fio que costura o álbum: uma coleção de músicas que são quase conversas internas, atravessadas por poesia, crítica social, espiritualidade e uma vontade enorme de entender o mundo — ou, pelo menos, de não aceitar tudo calado.
Feito de forma independente, o disco traz colaborações com artistas do Peru e da Colômbia. São vozes que se somam, se respeitam e constroem algo novo — uma música que tem cheiro de terra, som de rua, textura de lembrança. Não há pressa. Nem fórmula.
Entre batidas eletrônicas sutis, sopros andinos, samples orgânicos e palavras ditas com cuidado, Axiomas soa como um ritual. Uma travessia. Um espaço onde o silêncio tem tanto valor quanto o som.
Semilla é mais do que um nome — é uma ideia. Um projeto que acredita na arte como transformação. Seu trabalho se recusa a ser moldado por tendências ou algoritmos. Ele prefere os caminhos lentos, os processos longos, as colaborações que nascem do afeto.
Com influências da música alternativa latino-americana e da palavra falada, Semilla se define como um artesão. Alguém que observa o mundo com calma e tenta, com suas músicas, devolver um pouco de sentido pra quem escuta.
“Axiomas” não é feito pra preencher o fundo de stories ou tocar numa festa. Ele pede fone de ouvido, tempo livre e abertura de espírito. Talvez, se você ouvir com atenção, acabe reencontrando alguma parte de si mesmo ali — no refrão, no verso sussurrado, na batida que pulsa como coração. Mais do que um álbum, é um espelho. E também um mapa. Mas só se você topar fazer o caminho.