Maui lança o clipe de “Comemorar?”, que retrata a ambiguidade da vitória na favela

“Comemorar?” chega dirigido por Jomboh transformando a dualidade da faixa em imagens poéticas e potentes
9 de abril de 2025
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O artista Maui lançou, nesta terça-feira (08/04), o clipe da faixa “Comemorar?”Com direção de Jomboh e roteiro assinado por Xima, audiovisual transforma em imagem a ambiguidade da vitória para quem vem da favela. Gravado em Duque de Caxias, o vídeo mistura poesia e realidade ao retratar conquistas, afetos e desafios que moldam o artista.

 “Comemorar?” propõe um olhar mais profundo sobre o que a ascensão social representa para quem vem da periferia. Não se trata só de ter, mas de representar. Por isso, a comemoração vem com um ponto de interrogação — ela não é óbvia, não é simples, nem sempre leve.

Na faixa, Maui narra sobre momentos da sua rotina que fazem com que ele se sinta feliz e reflete sobre fatos passados que tornaram quem ele é hoje.

Ela retrata esse jovem que está ascendendo socialmente e que vem de um lugar de escassez e como isso faz que seja muito importante se validar. Pode até ter uma pitadinha de soberba também que vai fazer mais sentido na história do álbum, mas por enquanto quero que soe como a música do primeiro checkpoint do processo de vitória de geral da favela. – Afirma Maui.

A música abre os caminhos para o disco de estreia do artista, que conquistou o público após participar de “Diamantes, Lágrimas e Rostos Para Esquecer”, do rapper BK’, e “Dois”, de Luccas Carlos. Mesmo com tanta exposição e prestes a lançar seu álbum, Maui quis mostrar que ainda é a mesma pessoa que iniciou sua carreira anos atrás, se mantendo firme nas suas raízes.

Essa faixa reflete muito o momento que eu estou vivendo: me tornando mais relevante no cenário musical, mas ainda muito próximo da minha realidade de sempre. Ainda moro na favela, trabalho, passo perrengue pra cuidar da minha filha, mas ao mesmo tempo, de alguma forma, acabo sendo visto como um ‘exemplo de vitória’ pra minha área — principalmente pros artistas que são daqui.

O questionamento proposto pela música se estende ao seu videoclipe. Dirigido por Jomboh, com roteiro assinado também por Xima e assistência de direção de Diola, o clipe traduz visualmente a ambiguidade presente na faixa: a tensão entre o brilho da conquista e a dureza do cotidiano. A frase que norteia a narrativa é clara: “chegamos lá, mas ainda estamos aqui”.

“A gente pensou o clipe como uma junção entre o imaginário de um futuro e a realidade como ela é. Temos imagens poéticas, muito fortes, do Maui enquanto esse artista em ascensão, mas que ainda está inserido em ambientes que fazem parte da sua vivência”, explica Jomboh. “O brilho está ali, nas roupas, no styling, nos detalhes como os capacetes dourados dos motoboys. Mas o cenário continua árido. É o mesmo barro, o mesmo trem, a mesma quebrada” – Conta o diretor.

O clipe percorre pontos simbólicos da trajetória do artista, como a rua onde cresceu, em Parada Angélica, e a estação de trem do local  — um transporte precário, mas que carrega memórias e significados importantes para Maui.

“Naquela parte ali de Caxias, o trem não é nem elétrico, é o maria-fumaça. Um transporte que sempre foi sinônimo de atraso e dificuldade, mas que também me levou pra vários lugares, onde conheci pessoas, vivi histórias. A gente quis resgatar isso”. – Compartilha o artista.

No encerramento do clipe, uma sequência lúdica filmada em um galpão apresenta a dançarina Isa, que encarna a personificação da vitória idealizada por Maui.

“Ela representa minha vontade de vencer de forma fluida, espontânea, algo bonito que não é regrado, nem ensaiado”.

A faixa já está disponível em todas as plataformas digitais e o clipe, disponível no canal do YouTube do artista, confira;

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